Nem tudo está bem debaixo do céu. O Homem da Tarifa está de volta. As exportações da China são, obviamente, o principal alvo de Donald Trump. Mas ele também está a virar as suas armas comerciais de destruição mútua contra os seus vizinhos mais próximos, o Canadá e o México.
Os líderes europeus estão preocupados com a possibilidade de a próxima Casa Branca atirar a Ucrânia para debaixo do autocarro. Eles comemoram quando a velha Casa Branca de Joe Biden decide arriscar uma terceira guerra mundial e deixar Kiev disparar mísseis de longo alcance dentro do território russo. Em troca, Vladimir Putin ameaça lançar bombas nucleares, enquanto o seu amigo norte-coreano, Kim Jong-un, enviou tropas para combater a Ucrânia, numa demonstração de solidariedade de homem forte, quanto mais não seja. Ninguém espera seriamente que a Coreia do Norte faça muita diferença no resultado da guerra, a não ser como mais um dos gestos de Kim para zombar do Ocidente.
Entretanto, armado até aos dentes por Washington, Israel entrou em fúria, fazendo chover morte e destruição em todo o Médio Oriente, em Gaza, no Líbano e na Síria, e batendo no peito fora dos portões do Irão. Os líderes mundiais estão a voar para dentro e para fora das capitais uns dos outros para pressionarem uns aos outros para gastarem mais do seu produto interno bruto na defesa do que a maioria dificilmente pode pagar. Do outro lado do Estreito de Taiwan, um líder insular desafiador e o seu partido recalcitrante provocam provocações a cada passo, cujo objectivo final só pode ser, como parecem pensar, a independência.
No meio de tudo isto, Xi Jinping parece o único estadista global a apelar à paz e à calma, promovendo o comércio globalizado, ao mesmo tempo que alerta contra as barreiras comerciais e o mercantilismo por parte dos Estados Unidos e de alguns dos seus aliados que já estão a minar o comércio mundial e a globalização.
Nas cimeiras da Apec e do G20 na América do Sul, ele transmitiu incansavelmente essa mensagem aos líderes mundiais, tentando convencer aqueles que quisessem ouvi-los de que defender o sistema de comércio livre – bem, aquele que enriqueceu o seu país e outros – é melhor do que fazendo guerra. Ele e Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente brasileiro e também líder do Brics, apresentaram a sua proposta conjunta de paz para a Ucrânia, apenas para ser completamente ignorada por Bruxelas e Washington, enquanto os mesmos líderes ocidentais, com uma cara séria, acusam Pequim de não pressionando Putin para acabar com a guerra!
É claro que Xi está preocupado com o regresso de Trump, tal como todos os outros. Mas seus aliados Putin e Kim também não estão ajudando com seu relacionamento agressivo. Pequim não pode de forma alguma aceitar as ameaças nucleares do primeiro ou o envolvimento do segundo na Ucrânia.